O Bullitt Group apresentou a sua tecnologia de comunicação por satélite no CES 2023 e, desde aí, muito se tem ouvido falar sobre esta tecnologia que permite aos utilizadores estarem contactáveis em praticamente qualquer local do mundo.
Tratando-se de uma tecnologia ainda com algumas limitações e numa fase muito embrionária, ficámos curiosos e decidimos questionar os especialistas do Bullitt Group sobre os planos da empresa e como poderá funcionar, futuramente, esta tecnologia.
Em entrevista com o grupo, conseguimos algumas respostas que podem ajudar a esclarecer o que está por vir.

A comunicação por satélite e o Bullitt Group
Com uma parceria criada com a Motorola, o primeiro equipamento preparado para este tipo de comunicação foi o Motorola Defy Satellite Link, que abriu as portas ao mercado das comunicações via satélite acessíveis a qualquer utilizador. De seguida, surgiu então o smartphone Cat S75, com a tecnologia integrada.
O serviço Bullitt Satellite Connect tem um custo de 4.99€ por mês, foi concebido para qualquer utilizador que já sentiu frustração com a falta de cobertura móvel, o Bullitt Satellite Connect proporciona fiabilidade e tranquilidade a milhões de pessoas que vivem, trabalham e passam tempo em locais de cobertura menos forte.
A Bullitt desenvolveu software proprietário e componentes de serviço para fornecer mensagens de texto via satélite através de uma aplicação OTT simples de utilizar (Bullitt Satellite Messenger).

No entanto, em conversa com a empresa, o Bullitt Group tem alguns planos traçados para o futuro da tecnologia, começando com o objetivo de “democratizar a conectividade por satélite e torná-la acessível a todos, como forma de oferecer aos que vivem, trabalham, ou se dedicam a atividades ao ar livre, em zonas rurais e com fraca ligação, a possibilidade de se manterem contactáveis, mesmo quando o sinal de rede de telemóvel se encontra indisponível.”
O Bullitt Satellite Messenger, no smartphone Cat S75, ou com o dispositivo de ligação por satélite Motorola Defy, permite o envio e a receção de mensagens, a partilha de localização e permite efetuar pedidos de assistência SOS, através de uma ligação por satélite, a um preço acessível.
O início da ideia
“Muitos dos nossos clientes de telemóveis robustos vivem e trabalham em ambientes difíceis e, apesar de terem um dispositivo que não os deixa ficar mal, queixam-se frequentemente de uma conectividade mais fraca e expressam as frustrações que advêm de não se manterem contactáveis, onde quer que estejam”, explicou ao TechBit o Bullitt Group.
Destas queixas, surgiu então a ideia de oferecer uma solução aos problemas apresentados. “temos vindo a trabalhar com a MediaTek para permitir a adição de uma comunicação direta por satélite, na próxima geração de smartphones 5G, concebidos pela Bullitt.”

A Bullitt é a primeira a utilizar o chipset Dimensity 3GPP NTN (Non-Terrestrial Network) da MediaTek. A empresa integrou a funcionalidade IoT de banda estreita (NB-IoT) num smartphone, para fornecer conectividade de baixa potência, e baixa largura de banda, a vários satélites existentes e infra-estruturas de rede associadas.
“As partes de baixa potência e de baixa largura de banda são fundamentais, uma vez que permitem fornecer conectividade por satélite num design de smartphone convencional – não são necessárias grandes antenas dobráveis, normalmente associadas aos dispositivos de satélite”, conclui o Bullitt Group em resposta.
Primeiro o texto, depois a voz
Tratando-se de um tipo de comunicação diferente do que já existe implementado em grande escala, as limitações são ainda muito grandes. Neste sentido, o serviço fornecido pela Bullitt terá de se manter, para já, como um serviço de mensagens apenas.

“O serviço utiliza ligações IoT de banda estreita (NB-IoT) com uma largura de banda de dados limitada, atualmente, que foi otimizada para a entrega e receção de mensagens baseadas em texto. À medida que a tecnologia e as normas de comunicação se forem desenvolvendo ao longo dos próximos anos, iremos integrando aplicações de voz e outros serviços.”
Portugal tem acesso ao serviço sem problemas
“Sim, o serviço está ativo e disponível em Portugal”, responde-nos o Bullitt Group de forma direta, acrescentando que “o Cat S75 já está disponível, nos pontos de venda habituais, e o Motorola Defy Satellite Link estará disponível em breve. Ambos os dispositivos constituem o hardware necessário para o envio de mensagens via satélite. Do lado do software, é necessária a aplicação Bullitt Satellite Messenger. A aplicação está pré-carregada no Cat S75 e é gratuita nas lojas de aplicações da Apple e da Google, para permitir que qualquer dispositivo ligado por Bluetooth ao Motorola Defy Satellite Link utilize o serviço.
Através da aplicação do Bullitt Group, os utilizadores têm acesso ao envio de mensagens bidirecionais, “mesmo com emojis”, desde que ambos os utilizadores tenham a aplicação instalada. Nos casos em que um dos consumidores não possua a aplicação, este irá receber uma SMS com a mensagem em questão e um link para descarregar a app caso pretenda responder.
“A aplicação também inclui o SOS Assist, o controlo da localização geográfica e funcionalidades adicionais, como a localização, que serão adicionadas em breve.”

A nível de cobertura, o Bullitt Group esclarece que “com uma boa visão do céu, os utilizadores do Bullitt Satellite Messenger podem ligar-se em cerca de 25 segundos e as mensagens enviadas, de um utilizador ligado ao satélite, para um utilizador ligado à Internet demoram, normalmente, cerca de 20-30 segundos – com algum desse atraso intencionalmente introduzido, como forma de permitir que as mensagens sejam combinadas, tendo em vista uma transmissão mais eficiente, se forem enviadas em sucessão rápida.”
Enviar ou receber mensagens por satélite com o Bullitt Satellite Messenger tem um preço acessível, com planos flexíveis a partir de apenas 4,99 euros por mês, para um máximo de 30 mensagens. O envio e a receção de mensagens, com este serviço, através de uma ligação à Internet, é gratuito.”
As comunicações de satélite poderão ser o futuro das comunicações?
“Como parte do objetivo de democratizar as comunicações por satélite para todos, iremos permitir que outros parceiros utilizem a nossa plataforma tecnológica.”
No entanto, ainda existem muitas limitações no serviço e, para tal, é necessário deixar o produto amadurecer e começar a ganhar seguidores em grande escala para que se possa trabalhar ainda mais este sistema de comunicação.

O Bullitt Group acredita que “com planos flexíveis e a preços adequados, as mensagens via satélite podem constituir uma alternativa viável à comunicação através de ligações de dados móveis ou WiFi”. Com equipamentos compatíveis, como o CAT S75, ou com os acessórios para fornecer uma ligação por satélite, como o Motorola Defy Satellite Link, é fácil aceder a este tipo de comunicação.
“À medida que a conectividade por satélite se torna uma característica cada vez mais prevalecente no tempo, cada vez mais utilizadores poderão manter-se em contacto com a família, amigos e colegas de trabalho, quando e onde precisarem, mesmo em áreas de cobertura de rede fraca ou inexistente.”
Segundo o Bullit Group, a empresa “vê um futuro brilhante para as comunicações e para a conectividade via satélite.”

Atualmente, o Bullitt Satellite Messenger permite o envio de mensagens de texto, a partilha de localização e SOS a preços acessíveis, existindo já planos para que “nos próximos 12-24 meses, iremos permitir utilizações adicionais, incluindo aplicações de terceiros, para tirar partido da conectividade de dados de baixa largura de banda, aplicações de segurança para profissionais autónomos, transações e relatórios de problemas”, esclarece-nos o Bullitt Group.
“Para além disso, estamos a explorar opções para permitir o envio de pequenas imagens e ficheiros multimédia, bem como de voz. Olhando para o futuro, para 2025-2026, e mais além, esperamos poder tirar um partido ainda maior das novas redes de satélite e, de acordo com a versão 18 das normas 3GPP, avançar para casos de utilização de dados de maior largura de banda, como forma de permitir uma utilização mais livre e versátil e de permitir colmatar as falhas da rede telefónica.”
Robustos, mas não muito bonitos, poderá ser a solução ideal
Tendo em conta que os utilizadores mais interessados neste tipo de tecnologia são pessoas mais ativas ou com atividades remotas que os obrigam a estar em ambientes menos convencionais, a estética poderá não ser uma prioridade para este sistema de comunicação e para os smartphones ou dispositivos que permitam a ligação via satélite.
“Uma em cada três pessoas afirma ter partido ou danificado significativamente o seu telemóvel nos últimos três anos. Neste contexto, os smartphones robustos, em que a robustez é considerada uma prioridade mais elevada do que a estética pura do design, continuarão a ter uma oportunidade de mercado considerável, mesmo quando os telemóveis convencionais apresentarem uma maior resistência”, comenta o Bullitt Group.

Numa altura em que os smartphones convencionais começam a adotar um formato mais dobrável, os equipamentos robustos podem levar algum tempo a atingir este patamar, pois essa não é, para já, a prioridade do mercado.
“Prevemos que o setor evolua com a continuidade da introdução de características inovadoras, como as câmaras térmicas integradas, as caixas antibacterianas e, agora, as mensagens bidirecionais por satélite. Características como os ecrãs dobráveis também virão a ser consideradas, mas os pré-requisitos incluem designs de dobradiças novos e mais bem protegidos, e novas abordagens para defender os ecrãs e outros componentes contra danos causados por quedas, especialmente quando os dispositivos têm um peso maior. No entanto, é provável que todas estas mudança se efetuem de forma relativamente lenta, uma vez que a manutenção da robustez é fundamental.”
Agradecemos ao Bullit Group o tempo dispensado para responder às questões da TechBit de forma a esclarecer todos os leitores sobre o que podem esperar da tecnologia de comunicação via satélite.
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