Os furtos em espaços comerciais são um fenómeno que, infelizmente, acontece quase todos os dias. A Veesion é responsável por um sistema que pretende ser mais inteligente que os ladrões e que é capaz de analisar comportamentos suspeitos e avisar os proprietários de um possível roubo antes deste acontecer.
Atualmente, a nível mundial, a Veesion já preveniu mais de 180 mil furtos nos últimos dois anos. Em Portugal são já alguns clientes que contam com o sistema de inteligência artificial para prevenir qualquer tipo de roubo ou furto nos seus espaços.
Veesion alia a vídeo vigilância à Inteligência Artificial
Como explicou um dos membros da empresa Veesion ao TechBit, a ideia por detrás da empresa surgiu de um caso muito próximo a um dos co-fundadores que “tem família a gerir algumas lojas na região parisiense”.
Foi com base nas queixas dos proprietários da loja em Paris, cansados das várias tentativas (algumas vezes bem sucedidas) de furto, que os co-fundadores da Veesion decidiram aliar os seus estudos em Inteligência Artificial a um cenário bastante real, com a hipótese de testar no mundo real o produto final.
A empresa é, de facto, francesa, mas opera em Portugal já desde o mês de fevereiro. Atualmente existem já algumas joalharias, farmácias e franquias como Mini Preço, Coviran, Amanhecer, Intermarché e SPAR que já recorrem ao sistema de segurança oferecido pela Veesion.
Como nos explica João Madeira, representante da Veesion em Portugal, “a médio/longo prazo, procuramos expandir-nos internacionalmente e crescer noutras verticais onde já estamos presentes: cosméticos, bricolage, vestuário, postos de abastecimento, e até lojas duty free!”
A identificação do suspeito
Sendo que o sistema está sempre dependente das câmaras de vigilância do estabelecimento, claro que vão continuar a existir os chamados “pontos mortos” e algumas falhas ligadas a pequenas falhas na resolução de imagem ou quando existem muitas pessoas juntas no mesmo local.
No entanto, “não há limites para o número de pessoas que podem ser analisadas”, explica-nos João Madeira. “As limitações dependem da disposição das câmaras: se o ladrão estiver escondido atrás de outros clientes ou estiver a agir numa área morta (sem câmaras) ou se a câmara estiver pixelada, a nossa solução não será capaz de fazer milagres.”
Apesar de tudo, o sistema tem bastantes capacidades que têm vindo a mostrar-se práticas e úteis em diversas situações de riscos. “Um dos pilares da nossa solução é precisamente que o cliente recebe alertas de vídeo de comportamento suspeito.”
O representante da Veesion esclarece-nos que “assim que a IA identifica os comportamentos, um clip de 5-10 segundos do vídeo é extraído e enviado automaticamente para o cliente final. Os vídeos podem ser recebidos num computador, tablet ou telemóvel e podem ser enviados para mais do que uma pessoa simultaneamente.”
Esses comportamentos passam por diversas atividades que os clientes possam ter e que se mostrem suspeitas como, por exemplo, “uma pessoa que retira um produto da prateleira e o coloca num bolso, casaco, bolsa, mochila. Retirar a etiqueta do produto, consumo na loja. Ou mesmo quando alguém olha repetidamente para as câmaras de CCTV.”
João Madeira partilha que em todo o mundo o sistema da Veesion já preveniu mais de 180 mil furtos apenas nos dois últimos anos. Um caso mais próximo implica a cadeia Intermarché, em Portugal, que conseguiu recuperar mais de 500,00 EUR em garrafas de álcool graças ao sistema de segurança.
Madeira indica que a Veesion “vai permitir apanhar pelo menos mais 70% de furtos”, o que poderá tornar-se um grande aliado para a maioria dos comerciantes que enfrentam problemas com furtos quase todos os dias.
Os próximos passos
A Veesion não pretende ficar apenas por sistemas de segurança de espaços comerciais e tem até ideias de expandir o negócio para outras áreas.
“Uma grande vantagem da Inteligência Artificial é que se pode reutilizar a maior parte do algoritmo desenvolvido para um contexto específico, afiná-lo (re-treinando o mesmo algoritmo em dados diferentes) para ser capaz de detectar / compreender novos comportamentos: a isto chama-se Aprendizagem Activa”, esclarece João Madeira.
No futuro é esperado que seja introduzida a tecnologia de inteligência artificial noutros tipos de sistema de segurança de forma a que, além dos roubos e furtos, a tecnologia possa detetar “quando as pessoas caem nos hospitais, para detectar posições corporais perigosas no sentido de prevenir acidentes em armazéns/fábricas, para nos tornarmos um parceiro tecnológico de referência nas lojas autónomas e para ajudar na segurança pública”.