Um equipamento de pequenas dimensões, com um golfinho amigável e um sistema que em muito recorda os Tamagotchi, o Flipper Zero, tem criado algum ruído pela Internet fora devido às suas capacidades incríveis.
O Fliper Zero pode parecer um brinquedo para as crianças, mas poderá ser um dos dispositivos mais capazes e portáteis dos últimos tempos para o mundo do hacking.
O que é o Flipper Zero?
De forma simples, o Flipper Zero é um pequeno equipamento, que custa aproximadamente $200 e apresenta um formato bastante portátil, que foi pensado para ser utilizado em testes de hackers de diferentes níveis de experiência técnica.
O dispositivo é mais pequeno que a grande maioria dos smartphones e está equipado com inúmeros rádios e sensores que conseguem intercetar e replicar sinais emitidos por sistemas sem chave física, sensores IoT, portas de garagens, cartões NFC e qualquer outro tipo de equipamento que comunique sem fios em curtos alcances.
Além disso, o Flipper Zero permite ainda ligar diretamente diferentes tipos de equipamentos para aumentar as suas capacidades além de permitir a instalação de software externo para acrescentar funções extra ao pequeno equipamento.
De forma resumida, trata-se de um equipamento com diversos emissores e recetores de sinais sem fios capaz de ler a grande maioria dos sinais emitidos pelos equipamentos ao nosso redor e transmitir esses mesmo sinais. Além disso permite ainda a ligação de equipamentos externos para aumentar as suas funcionalidades de receção e transmissão.
Este aparelho pode substituir comandos de TV, comandos de portões, etiquetas NFC, comandos de carros mais antigos, entre uma grande variedade de controlos sem fios.
O Flipper Zero começou a ganhar destaque, mais recentemente, através da plataforma TikTok, onde começaram a surgir diversos vídeos a mostrar como podem utilizar este pequeno aparelho para copiar sinais de chaves de carros, portões de garagem, etc.
Qual o intuito original do Flipper Zero?
Como explicam na Wired, este pequeno aparelho foi desenvolvido para criar um alerta sobre as emissões que acontecem ao nosso redor, todos os dias, e nem damos conta delas.
Alguns exemplos providenciados pela publicação passam por detetar, por exemplo, a informação emitida por um microchip de alguns animais sobre a temperatura corporal do portador do chip, o sensor de pressão dos pneus de alguns carros que estão constantemente a emitir um sinal onde é possível ler a pressão atual dos pneus do carro, os iPhone emitem, em determinados intervalos de tempo, sinais infravermelhos devido à leitura facial, dispensadores de sabão que emitem sinais constantemente para monitorizar o nível do sabonete no interior do recipiente, entre outros exemplos do dia a dia.
A ideia seria ajudar as pessoas a compreender “algo mais profundo, explorar como cada coisa funciona, e explorar o mundo sem fios que está à nossa volta e que é dificil de compreender”, comentou Alex Kulagin, um dos co-criadores do Flipper Zero.
A ideia deste equipamento surgiu em 2019 e, desde essa altura, já foram vendidas mais de 150 mil unidades do dispositivo.
Porque pode o Flipper Zero ser uma preocupação?
Segundo explicou à publicação, a empresa começou a enfrentar alguns problemas com os pagamentos e com o transporte do Flipper Zero, com a PayPal a reter cerca de 1.3 milhões de dólares em pagamentos e diversas cargas a serem impedidas de prosseguir até ao destino pelas entidades competentes.
Este equipamento acabou por começar a preocupar as autoridades e, segundo Bob Zahreddine do departamento policial de Glendale , sem grandes surpresas. “O Flipper Zero é tão personalizável, que o seu potencial está ali para ser utilizado em todo o tipo de crimes”, comenta.
Durante os testes levados a cabo pela Wired, ainda foi possível copiar o sinal emitido por um comando de um portão de garagem de um vizinho assim como ler o número de um cartão de crédito apenas por aproximar o Flipper Zero ao mesmo.
Este tipo de equipamentos, até ao momento, ainda não foi ligado a nenhum crime que tenha sido cometido, no entanto, começa a levantar cada vez mais preocupações a todos os especialistas uma vez que o aparelho oferece demasiadas opções e facilidades que podem ser utilizadas para o crime.
Alterações de firmware podem ser feitas
Apesar das limitações impostas pelos criadores de forma a limitar a utilização do Flipper Zero, facilmente se consegue alterar o firmware original por um alternativo e capaz de desbloquear o potencial máximo deste pequeno golfinho portátil.
Como explica a publicação ZDNet, é possíver recorrer ao DarkFlipper/Unleashed ou ao RogueMaster, as duas versões mais populares, para modificar o sistema original e, assim, remover, por exemplo, as restrições regionais impostas para os transmissores/recetores sub-GHz.
Além disso, as duas versões acrescentam ainda uma maior lista de comendos de infravermelhos ao Flipper de forma a que este consiga ler e transmitir o sinal de mais comandos.