As redes sociais contam com diversos filtros de conteúdos de forma a conseguirem entregar a cada utilizador os conteúdos mais apropriados aos interesses pessoais de cada pessoas.
No entanto, a Repocket partilhou um estudo que revela que 68% dos utilizadores optam por contornar os filtros de conteúdos, tendo a empresa avançado com uma possível explicação para esta decisão.
Redes sociais tentam filtrar, mas utilizadores têm medo de perder algo importante
A Repcket debruçou-se sobre o tema das redes sociais e tentou perceber porque é que os utilizadores optam por ignorar os filtros que estes serviços se esforçam para aplicar.
Estes filtros têm o objetivo de entregar aos utilizadores um conteúdo mais direcionado a cada pessoa, ignorando determinados temas ou publicações que associem a algo que o utilizador possa não gostar ou não ter interesse.
No entanto, 68% dos utilizadores de redes sociais escolhe ignorar esta filtragem existente, procurando formas de contornar a mesma.
“Estamos na era da ‘bolha de filtros’, mas é fascinante que a maioria dos utilizadores opte por ignorar as próprias ferramentas criadas para personalizar o seu mundo online.”
Jason Adler, engenheiro de software na Repocket e especialista em gestão de redes sociais
Segundo avança a empresa, muitos utilizadores veem as redes sociais como um local para informação não filtrada, através da qual podem ver o mundo de forma mais direta e sem as supostas manipulações de conteúdo associadas aos meios de comunicação organizados. No entanto, estes chamados filtros foram criados para permitir que os utilizadores personalizem o que veem, proporcionando uma experiência de redes sociais mais personalizada e relevante.
Estatísticas recentes indicam um total global de 5 mil milhões de utilizadores ativos em plataformas de redes sociais. No entanto, a Ofcom relata que 68% não utilizam os controlos de conteúdo, sendo a principal razão a ineficácia dos mesmos.
O especialista em gestão de redes sociais aponta algumas perspetivas que podem ajudar a compreender o porquê desta decisão de contornar os filtros:
- Sobrecarga de Informação: Com o acesso sem precedentes à informação que temos hoje, os utilizadores podem facilmente ficar sobrecarregados. Alguns acreditam que ignorar os filtros ajuda a não perder nada importante.
- Confiança no Conteúdo Orgânico: Muitos utilizadores confiam na informação encontrada organicamente, longe do conteúdo definido por algoritmos, que por vezes pode ser percebido como manipulativo.
- O Desejo de Serendipidade: Filtrar pode limitar descobertas surpreendentes – a alegria de tropeçar em algo novo ou interessante é um prazer para muitos utilizadores de redes sociais.
Adler sugere que, embora ignorar os filtros possa trazer excesso de informação e novas descobertas, há desvantagens inevitáveis nesta prática. O risco de exposição a notícias falsas, conteúdo prejudicial e pontos de vista extremos aumenta significativamente, conduzindo à desinformação e à polarização generalizadas.
Filtrar o conteúdo, por outro lado, pode criar um ambiente mais seguro e personalizado. No entanto, existe o risco de estreitar a visão do mundo, criando um efeito de câmara de eco onde apenas opiniões ou conteúdos semelhantes são vistos – um fenómeno conhecido como bolhas de filtro.
“É o equilíbrio entre diversidade e relevância que os utilizadores precisam considerar cuidadosamente”, recomenda Adler.
Conselhos práticos
Ao navegar pelas redes sociais, é crucial equilibrar o que queremos ver (conteúdo personalizado) e o que precisamos ver (perspetivas diversas). Para uma experiência de redes sociais mais organizada, Adler sugere algumas estratégias – chave:
- Estabelecer objetivos claros: O utilizador deve sempre questionar-se sobre o que quer ver nas redes sociais. Se for notícias, deve filtrar por fontes confiáveis. Se forem conexões pessoais, deve filtrar por amigos e família. É necessário compreender o que precisamos da plataforma para usarmos os filtros de forma eficaz.
- Utilizar filtros com critério: Embora os filtros sejam úteis, precisam ser usados com discrição. O utilizador não deverá filtrar a informação em excesso, podendo correr o risco de bloquear vozes discordantes e perspetivas diferentes.
- Ajustar continuamente as configurações: As necessidades de cada pessoa vão mudando com o passar do tempo, e o mesmo deve acontecer com as configurações de filtro. Os utilizadores devem atualizar as configurações de filtros regularmente para corresponderem aos interesses e circunstâncias atuais.
Embora 68% dos utilizadores possam ignorar os filtros de conteúdo, para realmente aproveitar o potencial destas plataformas interativas, encontrar o equilíbrio certo entre conteúdo filtrado e orgânico pode ser a chave.
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