O ano 2020 está já marcado por uma das maiores pandemias que há memória. O Covid-19 obrigou países a entrar em confinamento, a fechar fronteiras e a encerrar, quase que por completo toda a sua atividade económica.
No entanto, durante estes tempos difíceis, foi também possível observar alguma cooperação entre vizinhos, amigos e desconhecidos e o esforço das empresas para ajudar a suprimir as necessidades de material.
O mundo da tecnologia assistiu também neste período a algo inesperado, quando a Google e a Apple decidiram colocar de lado a sua rivalidade e unirem-se para desenvolverem uma API que permitisse o desenvolvimento de aplicações para combater a propagação do Covid-19.
Fruto dessa parceria, vários países têm agora lançado a sua aplicação de “contact tracing” e Portugal deverá ser mesmo um dos próximos. A aplicação StayAway Covid do INESC TEC está já a ser analisada pela Google e Apple de forma a ter autorização para integrar as suas lojas de aplicações.
Aplicação StayAway Covid do INESC TEC está praticamente finalizada
O INESC TEC tem trabalhado nos últimos tempos numa aplicação de “contact tracing” voluntária para Portugal baseada no sistema criado pela Google e Apple.
Embora não tenha o apoio formal do estado, o INESC TEC tem coordenado o desenvolvimento com o executivo e deverá representar Portugal neste tipo de aplicações, uma vez que a Google e a Apple só permitem uma aplicação deste tipo por país.
Até agora a StayAway Covid já colheu o apoio informal do primeiro-ministro, que garantiu há semanas que iria instalar a aplicação quando estivesse disponível, assim como do Ministério da Educação, conforme confirma Rui Oliveira, administrador do Instituto após conversa com a Ministra da Saúde, Marta Temido. Também o Presidente da República já se referiu a este assunto, à saída da reunião do Infarmed, confirmando que havia empresas Portuguesas a trabalhar neste projeto.
Do lado da Comissão Nacional de Proteção de Dados foi hoje revelado que não deverá haver oposição ao lançamento desta aplicação do INESC TEC.
Como funciona a StayAway Covid do INESC TEC
Antes de explicar-mos o funcionamento desta aplicação, é importante referir que será de utilização voluntária, ou seja, ninguém irá ser obrigada a utilizá-la. Além disso, Rui Oliveira reforça que o anonimato do utilizador será sempre garantido, não havendo partilha de informações com o governo ou as autoridades.
Ao utilizar esta aplicação, o utilizador irá estar a partilhar com os equipamentos nas proximidades um código aleatório que será guardado pelos outros dispositivos durante pelo menos 14 dias.
Duas vezes por dia, sempre a horas diferentes, a aplicação irá ligar-se à base de dados, consultando a lista de infetados. Caso seja detetado que um infetado esteve em contacto com o utilizador nos últimos 14 dias, comparando para isso o código da pessoa infetada com os códigos registados no equipamento, irá soar um alarme que avisa a possibilidade de um contacto com alguém infetado.
Como é que uma pessoa infetada é sinalizada?
Quando é detetada uma pessoa infetada, o médico irá ter acesso a um backoffice onde digita a data possível de contágio, sem que seja necessário inserir qualquer dado pessoal do paciente. O sistema irá então retribuir com um código de 12 dígitos que é entregue ao paciente.
Caso este pretenda, pode inserir este código na aplicação, sinalizando-se como infetado, ação esta que irá permitir enviar aos outros utilizadores que estiveram próximos nos últimos 14 dias um alerta de possível contágio.
O StayAway Covid está praticamente concluído, faltando agora a validação da Google e da Apple para que possa ser publicada nas lojas de aplicações. Como este processo não tem um prazo para ser concluído e como pode ser necessária alguma correção, ainda não há uma data prevista para o lançamento desta aplicação, embora se espera que aconteça nas próximas semanas.
Do lado do INESC TEC o projeto completo está praticamente concluído, faltando apenas terminar a interligação com as aplicações de outros países e o backoffice para os médicos.
Fonte: Eco